TRANSCRIÇÃO GERADA POR IA
Acorda, sucupira!
Bom dia, pessoal! Sejam todos muito bem-vindos, sejam todas muito bem-vindas. Esse é o nosso Acorda, Sucupira, de sexta-feira, dia 18 de julho. Eu sou Rodrigo Oliveira e sextou. Sextou num fim de semana meio morno, né?
Essa sexta-feira não tem muitos dados econômicos. O principal dado econômico no exterior é o sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, que vai medir a expectativa para inflação, etc. Mas é um número que não mexe muito o ponteiro, como o pessoal costuma dizer. Então, a gente fica à mercê dessa confusão do IOF — que eu já vou falar um pouquinho sobre — e também dessa outra confusão das tarifas.
Depois que ontem o Lula resolveu aumentar um pouquinho a temperatura na discussão, deu uma entrevista na CNN Internacional, repetindo aquela história de que o mundo não precisa de um imperador, que o Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo. A Casa Branca respondeu dizendo que o Trump não é o imperador do mundo, nem nunca quis ser, foi eleito para defender os interesses americanos e é isso que ele está fazendo, além de ser o líder do mundo livre — que é um recado para essa acusação que casa com aquela outra acusação que o Trump faz contra o Brasil de que a gente está tendo um cerceamento de liberdades.
O Trump, inclusive, divulgou uma nova carta ontem falando sobre o Bolsonaro, sobre o que ele chama de perseguição contra o Bolsonaro, e diz inclusive que as tarifas — um dos motivos para as tarifas — é exatamente esse, o motivo político. Isso dividiu um pouco mais aquela atenção que o pessoal estava dando para a sessão 301 do USTR, que é uma espécie de Ministério do Comércio Exterior americano, que está investigando o Brasil por práticas que seriam prejudiciais aos Estados Unidos.
A gente falou sobre isso ontem na live: tem o PIX, que entrou meio de graça nessa conversa, problema de desmatamento ilegal, patentes, pirataria... Obviamente, tem coisa para a gente se preocupar. E também tem outras coisas sobrando na mesa, como é normal em todas as negociações.
Mesmo assim, ainda está uma espécie de “taco trade”, como o pessoal chama. “Taco” de “Trump Always Chickens Out”, ou “Trump sempre se acovarda”, sempre volta atrás. Então tem isso: o pessoal está apostando que a gente não vai ter essas tarifas efetivamente no dia 1º de agosto, como prometido, que isso vai cair antes.
O Lula foi à televisão ontem para um pronunciamento à nação, aos brasileiros, e voltou a falar sobre defender soberania nacional. Vestiu essa capa do patriotismo que lhe foi entregue com essa história das tarifas do Trump. E ainda deixou um recado para aqueles políticos que estão defendendo as tarifas, colocando o Brasil sob essa penalidade em função de interesses próprios, que seriam traidores da pátria. Um recado claro para o clã Bolsonaro, que inclusive — segundo uma matéria do Washington Post — tem trabalhado bem de perto com o pessoal da Casa Branca para conseguir penalização para Alexandre de Moraes.
Com tudo isso, o Lula obviamente nadando de braçada. A gente já viu isso nas pesquisas — ontem mostrei a pesquisa da Quest. O Lula vence todo mundo, melhorou a desaprovação e a aprovação dele: a desaprovação “despiorou” e a aprovação melhorou.
Isso tudo retorna para o mercado como algo que deixa um pouco menos provável — mas não é improvável — uma mudança de rumo no ano que vem. Inclusive, a nossa newsletter desta sexta-feira, que deve sair até meio-dia, fala justamente sobre isso: sobre as chances de alta da Bolsa de Valores brasileira. E como isso está calcado em alguns elementos; entre eles, essa virada fiscal ou até política, se não política, no fiscal.
Vale lembrar que o Lula, como ele mesmo gostava de dizer no começo do mandato, foi responsável por vários superávits primários no primeiro mandato. É claro que agora a gente tem essa coisa de “isso aqui não entra na conta”... Aí o superávit não faz muito sentido.
Ontem tinha uma manchete da ministra Simone Tebet — eu até cheguei a falar disso, coloquei no meu Twitter ou no X, o antigo Twitter — o princípio da matemática do governo Lula: você pega aquilo que impede a conta de fechar e tira da conta. Então, não é exatamente o que o pessoal esperava quando falava em superávit ou zerar o déficit.
Todo mundo está olhando para o crescimento da dívida bruta brasileira, que continua em alta. Inclusive, o Tesouro Nacional já estima a relação dívida/PIB em 88% lá em 2030. E o FMI espera essa relação chegando a 100% do PIB em 2030. Então tem muita água para rolar.
O problema é que a gente ficou num momento em que as coisas estão meio paradas, todas esperando um desfecho sobre as tarifas. Quem não é bobo nem nada é o investidor estrangeiro, que continua tirando dinheiro da bolsa brasileira — tem tirado desde o anúncio das tarifas do Trump — mais ou menos um bilhão líquido entre compras e vendas.
Na média, um bilhão de reais por dia tem saído nos últimos dias. Essa saída é reflexo do receio com o cenário. O “book Brasil” nos investimentos globais é pequeno, então a saída é rápida. E o investimento estrangeiro é um drive importante da bolsa brasileira. Não por acaso, saímos dos 141 mil pontos — o recorde mais recente — para 135.564 pontos, que foi o fechamento de ontem.
A bolsa subiu ontem, ficou mais ou menos de lado: 0,04% de alta. Mas teve esse desconto nos últimos dias que tem muito a ver com a saída desse capital estrangeiro, que parece estar estancando nos últimos dois dias. Esse número de saída de um bilhão de reais vai até o dia 15, com atraso de dois dias que a B3 leva para divulgar. Mas indica o movimento de “vamos sair e esperar para ver o que acontece”.
Junto com isso, a gente tem a confusão com o IOF. O que diz o Alexandre de Moraes? Na definição dele, o IOF, do jeito que foi decidido no STF, vale a partir do dia 11 de julho, então seria retroativo. A Receita Federal saiu à tarde falando que as instituições financeiras — que seriam os entes arrecadadores — não precisam cobrar. E quanto ao contribuinte, aquele que fez operação e, em teoria, está devendo o IOF, a Receita ainda estuda como fazer essa cobrança.
Além disso, como devolver o IOF das cobranças realizadas sob o risco sacado, que caiu com a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Então, o que temos agora é muita confusão, muita fumaça, muita dificuldade de enxergar uma saída clara do imbróglio. Mas é aquilo que eu sempre digo: o Brasil sempre arranja um jeito de escapar desse tipo de coisa.
Hoje pode ser um dia mais volátil, por causa do vencimento de opções, mas é um dia em que não se deve tomar grandes decisões porque nada está claro.
O que parece é que essa conversa sobre tarifas está mais complicada do que inicialmente parecia. Mas, lembrando, o Trump sempre adota essa postura de negociador maluco para jogar a contraparte na incerteza.
O Alckmin, que participa da comissão analisando como o Brasil deve responder às tarifas, continua ouvindo o setor produtivo — e a recomendação segue sendo esgotar a via negocial antes de adotar medidas drásticas, como tarifas retaliatórias. Até porque o Trump pode aumentar ainda mais as tarifas contra o Brasil, o que seria muitíssimo mais prejudicial para nós do que para os Estados Unidos.
Então, estamos mais ou menos nisso.
Não esqueçam: mais para o meio do dia sai a nossa newsletter da Esquina Sucupira no Substack. Quem ainda não está inscrito, inscreva-se: esquinasucupira.substack.com.
Vejo vocês na semana que vem. Bom fim de semana a todos. Bons negócios.
Avante, Sucupira!
Share this post