Se você é arrojado, seu portfólio deveria se parecer com isso
Chegamos à terceira Carteira Recomendada Esquina Sucupira. É a vez dos investidores que aceitam correr riscos maiores em busca de rentabilidades mais significativas
"É melhor viver dez anos a mil
Do que mil anos a dez”
Lobão, cantor e compositor (Décadence Avec Élégance)
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Avante!
🤑O coração valente dos investimentos
A carteira do investidor arrojado ou de perfil agressivo é uma construção com mais risco e alta volatilidade. Esse perfil normalmente está associado a pessoas que possuem um horizonte de investimento mais longo, maior tolerância à volatilidade e um conhecimento mais avançado do mercado financeiro.
Apesar disso, investidores com patrimônios mais robustos também podem se aventurar em portfólios considerados arrojados, dado que o volume de recursos disponíveis garante a sobrevivência desse perfil aos solavancos a que estará exposto.
A carteira tem forte composição de ativos de renda variável, o que, por si só, aponta para um perfil que acompanha o mercado de perto, entende conceitos como diversificação e valuation e aceita períodos de perda, pois tem foco no longo prazo.
Definitivamente, esse perfil não é adequado para quem se desespera com quedas, precisa do dinheiro no curto prazo ou prefere investimentos previsíveis e de baixa volatilidade.
Para atender a esses requisitos, a ideia foi trazer dois novos ETFs, além dos cinco que compõem a Carteira Sugerida Esquina Sucupira moderada. Dessa vez, inclui um ETF de renda fixa e outro ligado a criptoativos.
O primeiro deles é o IRFM11: um ETF de renda fixa que replica o IRF-M P2, índice Anbima formado por títulos públicos federais prefixados com prazo médio igual ou superior a dois anos. Ou seja: ao comprar uma cota, o investidor está se expondo à curva de juros prefixada do Tesouro, com uma cesta de papéis que na média da carteira terá pelo menos dois anos para o vencimento. O fundo é gerido pelo Itaú e tem taxa de administração de 0,20% ao ano. Além disso, como tem perfil médio dos títulos acima de dois anos, a tributação fica em 15% dos ganhos a qualquer tempo.
E o segundo é pimenta pura: HASH11. Esse ETF foi o primeiro de criptoativos listado na B3. Lançado em abril de 2021, o fundo marca a entrada oficial do mercado brasileiro no universo das criptos via Bolsa. Ele replica o Nasdaq Crypto Index, uma cesta diversificada criada pela Hashdex em parceria com a Nasdaq, com exposição a ativos como Bitcoin, Ethereum e outros tokens relevantes. Na prática, o HASH11 permite que o investidor tradicional se exponha ao setor cripto sem precisar lidar com carteiras digitais ou exchanges. Mas não se engane: a volatilidade continua sendo parte do pacote, com mais de 50% de variação anual.
Apesar de o índice contemplar os chamados smart contracts platforms, a maior parte dele é de criptomoedas, notadamente, o Bitcoin. A cripto mais conhecida do mundo compõe 75% do total do indicador, seguida de Ethereum (outra criptomoeda) com 10%. Os outros 15% se dividem entre outros sete nomes desse mercado.
Obs.: Para uma explicação mais detalhada sobre ETFs, favor consultar a edição de 14 de março do Esquina Sucupira
🥸 O que esperar sobre o portifólio de ETFs mais apimentado da Esquina Sucupira
A carteira desta semana deve retornar cerca de 19% nos próximos dozes meses e, apesar da inclusão dos dois novos ativos, o portfólio não sofreu uma alteração muito grande de volatilidade.
A ideia primária foi aumentar a diversificação sem se preocupar de forma muito contundente com o ganho de amplitude na variação. No entanto, a volatilidade ajustada da carteira ficou levemente acima da sugestão moderada passando dos 5% anteriores para cerca de 6% agora.
A explicação está em dois pontos interessantes relacionados ao HASH11. O primeiro está na baixa exposição que ele receberá nesta carteira. O segundo é que a correlação é negativa com praticamente todos os ativos do portfólio recomendado. Isso significa que, normalmente, esse ETF anda no sentido contrário da maior parte da carteira, reduzindo a volatilidade total da carteira. O único com correlação positiva com ele é o IVVB11, mesmo assim ainda baixa (0,33) no período avaliado - de novembro de 2022 até agora.
A expectativa é de uma recuperação do HASH11 junto com o bitcoin durante o ano, após o ETF acumular uma queda de mais de 30% desde o pico deste ano. O forte ganho esperado para esse ativo tem a ver com a tendência histórica de crescimento do preço da criptomoeda após o evento conhecido como halving (que reduz pela metade a recompensa dada aos mineradores do Bitcoin), que ocorre aproximadamente a cada quatro anos e tem o objetivo de controlar a inflação e aumentar a escassez da moeda ao longo do tempo.
Nas últimas vezes que isso aconteceu, o Bitcoin saltou entre 700% e 9.000% entre 12 e 18 meses seguintes. Conforme o tempo passa e a criptomoeda se torna mais conhecida boa parte desse movimento é antecipado, ainda assim desde o último halving, em abril de 2024, o Bitcoin acumula pouco mais de 35% de alta. Então é razoável se pensar que ainda podemos esperar, pelo menos, 50% de valorizaçao a partir do nível atual.
Além disso, a crescente adoção institucional das criptomoedas e possíveis políticas governamentais favoráveis devem ajudar impulsionar a moeda. Somente para retornar à máxima deste início do ano, é necessária uma alta de mais de 40%. Isso porque aqui entra o chamado efeito-base: quando um ativo cai 30%, ele precisa subir muito mais que 30% pra voltar ao mesmo ponto. Exemplo simples: se o fundo estava em R$ 100 e caiu 30%, foi pra R$ 70. Pra voltar aos R$ 100, precisa subir 42,8%.
A introdução do IRFM11 também é outra aposta arriscada. Como o fundo tem um duration que oscila entre 1,8 e 2 anos, a volatilidade também não foi elevada de forma dramática. O maior risco aqui é, na verdade, de não cumprimento da expectativa que para o curto prazo teremos uma redução na taxa esperada em função de um Banco Central mais leniente ou de alguma mudança na meta de inflação ou ainda de uma queda da inflação em função do patamar restritivo da política monetária.
Além disso, com a aproximação do período eleitoral, o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, será posto à prova e, infelizmente, não acredito que ele não irá ceder. Lembrando aqui também que, no ETF em questão, o investidor ganha dinheiro quando a taxa dos prefixados caem e perde quando elas sobem.
⚠️Sobre a rentabilidade esperada para as carteiras
Durante a semana, tive a felicidade de receber um questionamento sobre a expectativa de rentabilidade da carteira. Um assinante apontou que o número esperado por mim não batia com nenhuma janela histórica testada por ele, isto é, não estava na média dos retornos passados. E ele está certo!
Só para deixar claro aqui que não estou tentando ser irônico ou algo parecido. O que me deixa feliz no episódio é saber que vocês (i) estão atentos ao que está sendo dito e (ii) não acreditam só porque sou eu a falar.
Voltando ao assunto. A diferença em questão se dá porque não utilizo somente a rentabilidade passada para estimar o esperado para a carteira, mas vou a procura de material sobre as expectativas para então calcular o que espero que aconteça.
Como exemplo, posso citar o Ibovespa. A mediana das expectativas de valorização do índice para 2025 é de 20%, baseada na coleta de estimativas de 17 instituições financeiras diferentes. Considerei esse número a rentabilidade esperada para o DIVO11 - embora, historicamente, ele fique acima do Ibov. Na renda fixa, a Selic deve ficar em 15% ou mais no segundo semestre inteiro na minha visão o que deve deixar a rentabilidade do LFTS11 muito próxima desta marca, embora a Selic média atual esteja em torno de 10,75% ao ano.
Esse pequeno parênteses na nossa conversa foi para destacar um pouco do método adotado por mim e também para agradecer pelas interações - que são sempre extremamente benéficas para mim e para o conjunto do que fazemos.
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