📨[Maio/2025] Carta mensalística performática das Carteiras Recomendadas
No mês marcado pelas trapalhadas do governo na tentativa de fechar as contas com aumento de um imposto regulatório (IOF), nossos portifólios entregaram segurança e performance
“Ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado que gasta o próprio. Quando alguém gasta o dinheiro de terceiros em benefício de terceiros, não há preocupação nem com o custo, nem com o resultado. E é isso que o governo faz”
Milton Friedman, economista, escritor, professor e Nobel (1976)
🧾 Maio: o mês em que o IOF subiu e a dúvida aumentou
Senhoras, senhores e especuladores de ocasião: em maio, o Brasil provou mais uma vez que não precisa de terremoto nem eleição para tremer. Basta um ajuste fiscal mal amarrado. O governo resolveu jogar a cartada do IOF — sim, aquele imposto que ninguém entende, mas todo mundo paga. Subiu alíquota, apertou o cinto de empresas e pessoas físicas, e ainda tentou disfarçar de responsabilidade fiscal. O problema é que, até agora, ninguém sabe direito onde isso vai parar. A medida deveria reforçar o caixa, mas anda causando mais perguntas do que arrecadação. E como um morto muito louco, a meta fiscal de 2025 segue viva no papel e esburacada na prática.
Enquanto isso, o PIB veio com ares de superprodução agrícola: cresceu 1,4% no primeiro trimestre, uma das maiores altas globais, graças ao agro e aos serviços. O IPCA-15 também ajudou na narrativa otimista, marcando 0,36% em maio e derrubando expectativas de inflação descontrolada. Na ponta dos mercados, o Ibovespa subiu 1,45% no mês e flertou com máximas históricas. Já o dólar resolveu se manter teimoso, fechando o período em R$ 5,72 (+0,78%), puxado pela disputa de Ptax e ventos externos.
Lá fora, os americanos resolveram ignorar os problemas do mundo por mais um mês: Nasdaq subiu 9,56% e o S&P 500 avançou 6,15%, embalados por lucros robustos e uma trégua momentânea entre EUA e China. Até Lula e Xi-Jinping tentaram entrar no jogo diplomático com um comunicado protocolar sobre a Ucrânia, sem mencionar o detalhe incômodo do cessar-fogo solicitado pelo país invadido pelos russos.
De volta ao país tropical, o governo cortou R$ 31,3 bilhões do orçamento, tentando salvar as aparências do arcabouço fiscal. A combinação de frustração com receitas, gastos previdenciários em alta e um aumento de imposto mal digerido deixou investidores com aquela clássica sensação de “ai meu Deus”.
No fundo, maio terminou como um capítulo de novela fiscal mal escrita: tem personagem demais, roteiro confuso e um vilão camuflado de salvador. O crescimento veio, o mercado gostou, mas a pergunta permanece: e o IOF? Era mesmo esse o caminho? Porque até agora, o que aumentou de verdade foi a incerteza.
Se você quer profissionalisar a gestão dos seus investimentos, conheça a Rotha Capital. Trabalhamos sem o conflito de interesses comuns do mercado, com uma carteira administrada feita e gerida para você (alinhada aos seus objetivos e seu perfil de risco).
Me procure para batermos um papo e avaliarmos o seu portifólio sem nenhum custo - clique aqui para falar comigo. Sou gestor de investimentos CGA Anbima, analista CNPI e consultor CVM e, tenho certeza que podemos ajudar. Se quiser saber mais sobre a Rotha Capital, clique aqui.
📊 Maio das carteiras: cada uma no seu ritmo, todas (bem) acima do CDI
Em maio, o mercado parecia em transe: um governo tentando arrecadar no grito, bolsas americanas em modo foguete e o investidor brasileiro dividindo atenção entre cripto, dólar e o eterno CDI. No meio desse teatro, as três carteiras recomendadas Esquina dançaram conforme o risco e o esperado. E dançaram bem: todas bateram o CDI do mês (1,14%). Com estilos distintos, mas com um ponto em comum: boa performance.
🟥 Conservadora: a calmaria que caminha
Rentabilidade: +1,62%
Sharpe: 0,61
Volatilidade: 4,71%
A carteira conservadora fez o que dela se espera: avançou comedida, sem grandes sustos nem emoções. Quem pegou no sono segurando essa carteira, acordou mais rico e com a pressão estável.
O destaque ficou por conta de IVVB11, que subiu 6,90% no mês, surfando a onda da Nasdaq sem turbulência cambial. DIVO11 e LFTS11 contribuíram modestamente, enquanto o velho B5P211 seguiu em marcha lenta (+0,71%), ainda travado pela teimosia das expectativas de inflação, que seguraram o fechamento das taxas implícitas. A política fiscal patinando também não ajudou.
Com um índice de Sharpe razoável e volatilidade contida, essa carteira continua sendo aquela senhora pontual de terno bege: não grita, não corre, mas chega onde precisa.
🟪 Moderada: equilíbrio com boas companhias
Rentabilidade: +1,88%
Sharpe: 0,93
Volatilidade: 6,45%
A moderada foi, talvez, a mais consistente no mês. Ela não liderou, mas mostrou equilíbrio de quem sabe onde pisa. Foi impulsionada por um SMAL11 animado (+6,05%), IVVB11 em alta e uma pitada de DIVO11.
Com Sharpe perto de 1, ela mostrou que dá pra ter retorno sem ser arrojado, e que não é preciso gritar para ser ouvido. Ainda assim, carregou alguns pesos mortos, como o já citado B5P211, que segue como o tio do churrasco que promete ajudar mas nunca traz carvão.
Resumo da ópera: foi uma carteira que entregou com inteligência e autocontrole.
🟦 Arrojada: risco, suor e aplausos
Rentabilidade: +2,66%
Sharpe: 1,67
Volatilidade: 7,89%
Se tivesse trilha sonora, a arrojada teria entrado de HASH11 e saído de foguete. O ativo de cripto foi o grande nome do mês mais uma vez, com alta de 11,32%. Mas não caminhou sozinho: IVVB11 também puxou forte (+6,90%), e SMAL11 deu o tom nacional.
Essa carteira balança, sim, mas entrega. O índice de Sharpe mostra que o risco foi compensado com gosto e a volatilidade elevada faz parte do pacote.
É a carteira de quem não tem medo de montanha-russa. E, em maio, o investidor dela sentou no primeiro carrinho.
📎 Arremate
O investidor que ficou no CDI, mais uma vez, jogou na retranca e perdeu parte do espetáculo. Já as carteiras recomendadas Esquina Sucupira mostraram que dá pra ter retorno com coerência e até com um pouco de ousadia, para quem aguenta o balanço. Em tempos de IOF em surto e política fiscal com crise de identidade, escolher bem onde colocar o dinheiro é mais do que estratégia. É sobrevivência.
Para conferir as distribuições dos ativos em cada uma das carteiras clique abaixo:
Carteira Conservadora
Carteira Moderada
Carteira Arrojada
🔮 Junho: entre pragmatismo monetário e populismo fiscal
Se maio foi o mês do improviso tributário, junho tem tudo para ser o mês da diplomacia nervosa e do realismo monetário. No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter a Selic em 14,75% ao ano no dia 18. A decisão é esperada (embora tenha perdido um pouco da convicção com a confusão do IOF), mas será esmiuçada palavra por palavra à procura de pistas sobre a trajetória à frente. Em condições normais, isso seria o fim da novela. Mas não estamos em condições normais.
A alta do IOF, ainda reverberando, somada à perda de controle retórico (e talvez contábil) da equipe econômica, aumentou a pressão sobre a política monetária. Se o Banco Central ceder à tentação de suavizar o tom, pode ser lido como complacência. Se endurecer, acende de vez os alertas nas mesas de negociação.
Lá fora, um enredo improvável começa a tomar forma: Trump sinaliza uma visita à China. O homem das tarifas e das guerras comerciais agora ensaia um número de aproximação com Xi Jinping. Se sair do Truth Social e for de fato a Pequim, o gesto pode destravar parte do apetite a risco global, ainda mais em um cenário em que a economia americana começa a mostrar sinais de cansaço e volta a reforçar as apostas em cortes de juros mais adiante.
Mas não se iluda: esse possível respiro no exterior pode ser facilmente anulado por mais um passo em falso no palco doméstico. A popularidade baixa de Lula, combinada com o calendário político, abre espaço para anúncios populistas e promessas de curto prazo que, aos olhos do mercado, significam uma coisa só: desequilíbrio fiscal à vista.
🔍 O que observar com lupa:
• Tom do comunicado do Copom: manter a Selic é esperado, mas o que será dito sobre os próximos meses pode mexer com a curva de juros futuros.
• Câmbio: neutro para os próximos 30 dias. O dólar pode recuperar parte do que perdeu com a guerra tarifária a medida que se veem avanços nas negociações (principalmente com a China). Além disso, ruídos internos podem impulsionar a depreciação do real por aqui. Do lado contrário, os números recentes apontando desaceleração econômica nos EUA podem fortalecer apostas em cortes de juros e queda do valor da moeda americana.
• China + Trump = volatilidade: aproximação pode animar ativos de risco, mas nada garante que o romance dure.
• Ambiente político local: qualquer sinal de afrouxamento fiscal deve ser lido como gatilho de estresse nos ativos brasileiros.
Em resumo: junho é o mês em que a prudência pode valer ouro. Mas, como sempre, aqui no Esquina, seguiremos com olhos atentos, ouvidos limpos e o radar calibrado para as vírgulas escondidas nos discursos.
Esta newsletter está com acesso liberado. Portanto, se você acha que esse conteúdo pode ajudar mais gente, compartilhe à vontade. Além disso, considere se tornar um assinante pago e apoiar essa iniciativa.
Se você quer profissionalisar a gestão dos seus investimentos, conheça a Rotha Capital. Trabalhamos sem o conflito de interesses comuns do mercado, com uma carteira administrada feita e gerida para você (alinhada aos seus objetivos e seu perfil de risco).
Me procure para batermos um papo e avaliarmos o seu portifólio sem nenhum custo - clique aqui para falar comigo. Sou gestor de investimentos CGA Anbima, analista CNPI e consultor CVM e, tenho certeza que podemos ajudar. Se quiser saber mais sobre a Rotha Capital, clique aqui.
Só o título valeu por todo o artigo!!! Típico “Odoriquiano”de Sucupira!!! 🤭😄😅
Elogiar o comentário já virou lugar comum então só, Parabéns!!!
gostei da vista panoramica, um resumos dos acontecimientos mais importante do mercado.