Esquina Sucupira
Acorda, Sucupira!
🎯 Payroll, Selic e o pesadelo do IOF
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🎯 Payroll, Selic e o pesadelo do IOF

Enquanto os EUA flertam com corte de juros, o Brasil engasga na crise do IOF, vê a Selic tremer e o real brilhar aos 45 do segundo tempo

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Bom dia, pessoal!

Sejam todos muito bem-vindos, sejam todas muito bem-vindas. Esse é o nosso Acorda, sucupira, de 6 de junho de 2025. Sextou, né? E sextou com o payroll, que é o dado mais importante do mercado de trabalho norte-americano, e com as nossas dúvidas sobre como vai ser a mudança do IOF, como vai ser essa composição de receita do IOF. Eu nem vou repetir o que tenho falado há tanto tempo, porque isso vai ficar lá para o STF resolver. A gente já falou sobre isso, mas toda essa crise do IOF tem causado algumas mudanças na expectativa do pessoal sobre os juros.

Lembrem-se: toda vez que eu falo do juro, quando falo da Selic, estou dizendo que essa é a taxa de juros, a remuneração que o investidor usa como base, deve usar como base. É a partir dali que você deve ser remunerado. Lembrando que a Selic é aquela taxa básica de juros do governo que é considerada a taxa livre de risco no Brasil, porque, em última análise, o Tesouro Nacional imprime o dinheiro e paga você. Então, você não tem risco de crédito, por exemplo.

O que acontece? A gente vinha até ontem, basicamente, com a expectativa muito mais forte de que o Banco Central manteria a taxa em 14,75%. Ontem isso se inverteu, e se inverteu por vários motivos, entre eles essa dificuldade de fazer o IOF andar, e uma expectativa de que ele pode ser derrubado sem uma compensação, o que seria um problema fiscal. Mas mais do que isso, ele sendo derrubado, tira aquele efeito de aumento da taxa Selic que o IOF teria.

Vocês vão lembrar que, lá no comecinho, eu cheguei a comentar isso: algumas pessoas estimam entre 0,25 e 0,50 ponto percentual de equivalência de alta na taxa Selic com o IOF. Então, isso dava um fôlego, um espaço ainda maior para o Banco Central não aumentar os juros.

Além disso, no começo da semana, o Galípolo chegou a falar que a gente precisa ter certeza de que está num patamar suficientemente restritivo e isso foi entendido por alguns, e ainda está amadurecendo na cabeça dos investidores, que isso poderia ser uma indicação de que talvez tenha um ajuste adicional de 0,25 ponto percentual. Acho difícil ainda, mas hoje, se você olhar as opções de Copom, ontem fecharam com a probabilidade de um aumento de 0,25% em 62% e uma manutenção da taxa Selic em 14,75% em apenas 33%, o menor nível em mais de um mês.

Isso não tinha acontecido, basicamente a gente esperava, a gente vinha com esse número de que provavelmente existiam maiores probabilidades de uma manutenção da taxa de juros em 14,75%. De qualquer maneira, a gente tem mais uma semana, semana que vem toda, para calibrar melhor essas expectativas. Afinal de contas, a decisão da Selic é lá no dia 17 e 18 de junho.

Entre as coisas que atrapalham um pouco as expectativas está uma fala da Esther Dweck, ministra da gestão, ontem, de que essa história de discutir mínimo constitucional de saúde e educação não está na pauta, o governo não vai tratar disso porque não faz efeito agora e o governo não está preocupado com isso. Portanto, diz a ministra, também não tem nada de reforma administrativa para ser discutida neste momento. Portanto, aquelas medidas estruturais que a gente já sabia que não iam sair, não vão sair mesmo.

O S&P Global ontem manteve a nota brasileira em BB com perspectiva estável, dizendo e apontando que não acredita, nem eles também, que vá haver alguma medida que mude estruturalmente a situação fiscal do Brasil nesse ano e, conforme as eleições se aproximam, isso fica ainda mais difícil. É possível que você tenha medidas estruturais depois das eleições, mas até lá eles não acreditam que isso vai acontecer. E se as coisas não melhorarem, é possível que a nota de crédito brasileiro piore.

Ontem os juros acabaram subindo para se adaptar um pouco a essa nova expectativa para as taxas de juros. E acompanharam também um pouco dessa deterioração desse sentimento e as pesquisas de popularidade do Lula, que acabam empurrando o presidente para uma vertente ainda mais populista. Então, tudo isso acaba se somando para piorar um pouco a situação aqui no que diz respeito à taxa de juros, mas isso acaba ajudando o câmbio, porque se a taxa aqui fica boa e os Estados Unidos, que melhorou a perspectiva lá para os juros, para um corte de juros, em função da conversa ontem entre Xi Jinping e o Trump, que parece que as coisas estão andando nos acordos comerciais, então o dólar acaba perdendo um pouco mais de força, e o real, com esse juro estratosférico, está aí em 5,59, abaixo de 5,60, a primeira vez desde outubro, se não me falha a memória, do ano passado. Então, um ótimo nível para o real, uma boa recuperação do real.

A bolsa de valores fechou em queda de 0,56%, mas ainda acumula 13,26% de alta no ano. Então, como eu comecei falando aqui, o número, o dado que deve influenciar muito os mercados hoje é o payroll, porque ele é aquele dado de mercado de emprego mais olhado pelos americanos e pelo mundo todo para ter uma ideia do aquecimento da economia americana. E ele deve apresentar 125 mil vagas de acordo com as expectativas do mercado, uma redução se você compara a 177 mil vagas criadas em abril, o que traria mais um elemento para melhorar as perspectivas de corte de juros nos Estados Unidos, dado que a gente teve o ADP, que também é sobre o mercado de trabalho, a criação de 30 e poucas mil vagas, quando eram esperadas 130 mil, e também ontem os dados de seguro-desemprego, que aumentaram os números de pedidos de seguro-desemprego, que indicam então que a economia está começando a perder fôlego.

Isso pode ajudar os membros do Federal Reserve, Banco Central Americano, a rever a taxa de juros norte-americana. Para agora, para essa reunião de junho, ninguém acha que isso pode acontecer, mas para julho as apostas de que você já pode ter um primeiro corte começaram a subir novamente.

Então, a expectativa para esse fimzinho de semana é que você tenha um payroll que justifique uma espécie de otimismo com a adesão ao risco, digamos assim, nos Estados Unidos, uma expectativa de um payroll mais tranquilo, mais fraco, que vai levar então a juros mais baixos e isso ajuda a Bolsa de Valores norte-americana. Agora os futuros de S&P e Nasdaq operando em alta, próximo de 0,35, 0,36 cada um deles, e indicando um dia positivo para o mercado acionário norte-americano.

Por aqui, a gente vai ficar com essa dúvida sobre como dormir esse fim de semana enquanto não se sabe quais são essas medidas alternativas para o IOF e não se sabe como será que o Congresso Nacional vai encarar isso tudo na semana que vem. Derruba o IOF, não derruba, aprova algumas medidas, começa a discutir medidas alternativas ou não e quais são os impactos disso tudo para o Banco Central.

Não acho que essa discussão do IOF é uma discussão que o Banco Central está levando em consideração neste momento, porque ainda há muita incerteza e o Banco Central não pode trabalhar com esse tipo de coisa que não existe. Será que vai cair? Será que não vai cair? No modelo do Banco Central, você deve levar em consideração aquilo que é fato. Mesmo que, claro, você não despreza o que é uma grande possibilidade, mas ela não pode pesar tanto assim. Então, vamos ver como isso tudo vai se organizar. Lembrando que, obviamente, juros mais altos prejudicam a Bolsa de Valores brasileira.

Bom, hoje ainda tem a nossa newsletter do Esquina Sucupira. A performance das carteiras recomendadas, já posso adiantar aqui para vocês que foram muito bem. Obrigado, todos acima do CDI, com boa volatilidade e bom índice de Sharpe. Coloquei o índice de Sharpe lá para vocês começarem a acostumar com isso. O índice de Sharpe mede quanto de retorno eu tenho para cada unidade de risco que eu adiciono ao meu portfólio, porque no fim das contas você está sempre brigando contra a taxa livre de risco. Se você ganha 14,75%, 15% ao ano sem risco, quanto você tem que ganhar? Você tem que ganhar algum retorno acima disso para poder correr riscos. Essa que é a ideia e por isso que a taxa Selic é tão importante.

Beleza? Fora isso, lembrando vocês, aqueles que ainda não me seguem, não se inscreveram no nosso canal no YouTube, inscreva-se no canal no YouTube, Esquina Sucupira, o nome do canal, e também deixe o seu like lá. Se você estiver ouvindo isso pelo YouTube, deixe o seu like e acione o sininho para saber também quando a gente estiver no ar, nas terças e quintas-feiras com as nossas lives.

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Beleza? Eu vou ficando por aqui, bons negócios a todos, bom fim de semana e a gente se vê na segunda-feira. Até lá, força Sucupira!

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