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Acorda, Sucupira!
Ata do Copom revela jogo duro com juros, mas dólar ignora o recado
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Ata do Copom revela jogo duro com juros, mas dólar ignora o recado

BC garante coesão em endurecimento da política monetária, mas mercado ainda precisa de mais para estancar a sangria causada pelo péssimo cenário fiscal e externo desfavorável

TRANSCRIÇÃO GERADA POR IA

Acorda, sucupira!

Bom dia, pessoal!

Sejam todos bem-vindos, sejam todas bem-vindas.

Este é o nosso Acorda, sucupira, de terça-feira, dia 17 de dezembro.

Eu sou Rodrigo Oliveira e, mais uma vez, brasileiros e brasileiras, estamos aqui às voltas com o Congresso Nacional decidindo se vota ou não vota, quando vota, como vota, o pacote de gastos, a reforma tributária, a LDO e mais um monte de coisa.

E a regressiva continua, tem até sexta-feira para terminar tudo isso do jeito que der e é exatamente isso que o congresso vai fazer vai terminar do jeito que der ninguém tá muito preocupado é o pacote de revisão de gastos que era ruim vai ficar um pouquinho pior mas não vai ficar muito pior não, porque já era muito ruim.

Então, toda essa conversa de não, é porque o BPC vai diminuir o que economizar, vai reduzir o corte, tem o PL dos militares, chegou agora, lembrando que a diferença que vai fazer na vida dos militares é mínima, é muito mais para inglês ver esse tipo de coisa, assim como é o pacote de corte de gastos como um todo.

Mas o mais importante do dia hoje, na minha modestíssima opinião, é a ata do Copom, que acabou de sair.

Por isso até atrasei um pouquinho para gravar esse podcast de hoje, o Acordo Sucupira de hoje, porque eu queria dar uma olhada na ata do Copom.

Não teve nada de muito novo.

Tirou aquela dúvida que eu particularmente tinha e depois até achei um ou outro economista que também ficou com essa dúvida da exclusão da palavra unânime.

Voltou na ata.

Então a decisão foi unânime, todos os membros do Comitê de Política Monetária votaram pelo aumento da Selic de um ponto percentual e pelo forward guidance, pela indicação futura de que haverá pelo menos mais dois aumentos de um ponto percentual caso o cenário se mantenha como estava na reunião do Copom.

Mas já vou dizer uma coisa para vocês, já piorou.

E já piorou porque as expectativas pioraram bastante e o cenário externo também não está contribuindo.

Vou deixar aqui duas impressões.

A primeira é que essas intervenções que o Banco Central tem feito, ontem foram 5 bilhões no dólar, na semana passada foram 5 bilhões na semana inteira, ontem foram 5 bilhões no dólar também é 3 de swap e 1,7 eu acho de linha né de leilão de linha para tentar segurar um pouquinho dólar não estão funcionando né o dólar fechou em 6 e 9 recorde novamente é de fechamento é o valor mais alto aí desde o início do plano real isso não é desinflacionado né então é o valor nominal mais alto é aparentemente o valor mais alto.

Com a inflação, seria próximo de R$ 8,00 por dólar.

Mas, de qualquer maneira, isso não tem funcionado, mostra na minha opinião, uma dificuldade do Galípolo, porque quem está fazendo isso já é o Galípolo.

O Galípolo já assumiu a cadeira, basicamente, nessa fase de transição.

Tanto que na próxima reunião do relatório trimestral de inflação, que é amanhã, ou quinta, essa semana ainda, o Galípolo estará presente.

Normalmente é o Diogo Guillem, que é o diretor de política econômica e o presidente do Banco Central, que é o Roberto Campos Neto, dessa vez vai ter também diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nessa reunião que fala sobre as perspectivas de inflação, essa reunião, esse relatório, a apresentação desse relatório que é trimestral e que dá uma ótima visão sobre as expectativas e sobre o que o Banco Central está esperando e está vendo, viu nos últimos três meses e está esperando daqui para frente.

E aí uma outra coisa que está na ata que vai ser explicada com mais detalhes, lá no relatório trimestral de inflação, no RTI, é o aumento da taxa neutra de juros.

Eu já falei sobre isso em alguns Esquina Sucupira.

Para quem não acompanha ainda o Esquina Sucupira, vai lá no substaque, esquinasucupira.substaque.com, só fazer a sua assinatura, assinatura entre aspas, porque é de graça, por enquanto, pelo menos tudo é de graça.

Isso deve ficar gratuito também, não é esse o ponto.

Mas assim, para que você possa ser abastecido com isso por e-mail todo dia, tudo que eu faço acaba caindo na sua caixa de e-mail.

Então, o que a ata traz é que o hiato está cada vez mais positivo, o crédito ainda está muito expandido, ainda está em uma velocidade muito alta, a expansão do crédito e o juro real neutro, por isso e por outros motivos, aumentou de 4,75 para 5.

Vou lembrar para vocês o que é o juro real neutro.

O juro real neutro é aquela taxa de juros em que a política monetária nem contrai a atividade econômica, isso quer dizer nem segura a inflação e nem impulsiona a inflação.

Isso quer dizer o seguinte, essa taxa de juros real neutra mais a inflação corrente essa soma seria a taxa que deixaria tudo como está.

Então, se você tem uma inflação de 4%, uma taxa de juros real neutro de 5%, a 9% você estaria com tudo do mesmo jeito.

Então, se você quer baixar de 4% a inflação, ela teria que ter uma taxa de juros acima de 9, caso ela estivesse em 4.

Lembrando que a nossa inflação está em 4,6%, 68%, 4,70%.

Nos últimos 12 meses, 4,76% mais 5,9,76, e aí toda essa distância do 9,76 para 12,25 na cabeça do Banco Central, nos modelos do Banco Central, seria o tanto de juro para restringir a economia.

Então, dos quase 10% aos 12,25%, então 2,25 ponto percentual, você estaria utilizando como margem para transformar, para ser contracionista na política monetária, para segurar a atividade econômica.

Lembrando que o efeito disso é um efeito ruim mesmo para a sociedade de imediato.

Para controlar a inflação, a tese, a teoria da política monetária é que você contrai a economia.

E aí você faz com que as pessoas pressionem menos a oferta.

Então você diminui a demanda e aí com isso você vai causar queda no PIB, mais desemprego, mas a inflação vai para o lugar certo.

Essa é a ideia.

E para o Banco Central, pelo menos o Roberto Campos Neto sempre defendeu isso, nada seria pior do que inflação para as classes mais baixas né bom além disso tudo então você tem essa essa esse aumento da taxa de juros real neutro mostra que o banco central deve trabalhar com uma um patamar de juros mais elevado e as intervenções no dólar não tem surtido tanto efeito.

E tem feito o juro disparar mais ainda, o juro futuro agora marca a Selic acima, aliás, próximo de 16,5% na Selic terminal, quando esse ciclo de alta for reduzido.

E além disso, você tem então os juros subindo e o dólar também subindo.

E aí ontem também teve uma fala do Trump que acabou castigando ainda mais o real, né? e tornando os esforços do nosso querido Galípolo para segurar o dólar ainda menos eficientes.

O Trump chegou a citar o Brasil textualmente e falou, olha, o Brasil cobra muita taxa, muita tarifa em cima dos produtos que nós vendemos para eles.

Se eles querem cobrar tarifa nossa, cobraremos tarifas altas deles também.

Ele até diz que ficaremos ricos com tanta tarifa que a gente vai cobrar, diz o Trump.

E isso, obviamente, bateu no dólar.

Então você tem um cenário hoje que é um cenário muito, mas muito, mas muito ruim e as coisas não têm andado para o lado certo.

O que anda, ainda anda para o lado contrário.

Na Câmara, você tem uma desidratação da proposta de corte de gastos.

O Tesouro Nacional ontem soltou um documento com previsões, etc., admitindo que não vai ter superávit primário em 2026, que vai precisar e olha só, vai precisar aumentar ainda mais a receita em 2026 e 2027.

Quer dizer, aumentar a receita, amigos, é aumento de imposto.

Até porque do lado monetário a gente está trabalhando para uma queda do PIB.

E aí a inflação abre mais espaço para você aumentar as despesas, o governo não tem tido nenhuma responsabilidade com segurar as despesas e aí você fica na mão do aumento de receita que vai ser só via aumento de imposto.

Então esse é o cenário e não é à toa que esse Natal parece que vai ser um Natal meio amargo para o mercado financeiro.

Beleza, mas vamos ficar de olho.

Nada está tão bom que não possa melhorar e nada está tão ruim que não possa piorar.

Vamos esperar que pelo menos as coisas comecem a andar daqui a pouquinho.

Ontem o ministro Haddad tentou dar um alento para o mercado, dizendo que teve uma reunião com o Lula.

Na reunião com o Lula, o Lula pediu para os políticos, para o Congresso Nacional, que não desidratem o pacote de gastos, como se o Lula estivesse preocupado com as despesas.

Não está, deveria, mas não está.

Vamos ver até onde vai essa aposta do Lula, que é uma aposta muito ruim para o país como um todo, na minha opinião.

Beleza?

Vamos ficando por aqui.

Um abraço a todos.

Bons negócios no dia de hoje.

E avante, sucupira!

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Discussão sobre este podcast

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Bem-vindos ao "Acorda Sucupira", o podcast matinal que traz um panorama dinâmico e acessível do que realmente está acontecendo no cenário político e econômico do Brasil e do mundo. Pensado especialmente para os investidores que buscam entender as nuances por trás das declarações e dos números, nosso programa vai além das manchetes e das cifras.