TRANSCRIÇÃO GERADA POR IA
Acorda, sucupira!
Bom dia, brasileiros e brasileiras.
Esse é o nosso Acorda Sucupira de 18 de dezembro de 2024, quarta-feira, uma semaninha para o Natal.
Eu sou Rodrigo Oliveira e hoje vamos falar sobre um negócio que é um pouco complicado, mas eu queria que vocês ficassem comigo, porque eu acho que isso é muito importante para vocês entenderem tudo o que está acontecendo nesse exato momento.
Vou começar primeiro pela parte política da história, que é... A Câmara andou ali com um dos projetos do pacote fiscal, ainda tem os destaques para votar agora pela manhã, mas as coisas, por enquanto, não mudaram muito, deixou algumas coisas até melhores, que era aquela história da utilização de superávit de alguns fundos específicos.
Para pagamento de dívida agora está específico, que aquele dinheiro só pode ser utilizado para pagamento de dívida, porque estava em aberto, não tinha essa especificidade e tinha um receio de muita gente no mercado de que esse dinheiro fosse usado para financiar outras coisas, inclusive bancos públicos, para poder emprestar dinheiro subsidiado e irrigar a economia com mais dinheiro ainda, reforçando ainda esse ciclo inflacionário.
Lembrando que a nossa tese aqui é de que você tem quanto maior a base monetária, não só isso, mas nesse caso específico, quanto maior a base monetária, mais pressão inflacionária você tem, porque é mais dinheiro na mão das pessoas, como o nosso hiato do produto, aquela diferença entre o quanto a gente consegue produzir, o quanto estamos sendo demandados a produzir, o quanto estamos produzindo está positivo, quer dizer que estamos produzindo mais do que a nossa capacidade, e isso pressiona a inflação, então tudo isso faz esse caldeirão inflacionário que tem levado a questões importantes, que é isso que eu quero falar mais com vocês.
Só antes de passar para isso, na parte política, então, aprovado o primeiro projeto do pacote de corte de gastos, com algumas demandas que ainda vão ser votadas, uma de importância para todo mundo, a tentativa... de voltar a excluir o seguro obrigatório lá, o DPVAT, que voltou esse ano, volta a ser cobrado ano que vem, se não mudar nada. Isso estava no projeto, resolveram tirar, entrou como destaque para ser votado agora de manhã.
Parece que o governo também não tem tanto voto para manter essa cobrança do DPVAT. Mas essa madrugada e essa manhã o pessoal provavelmente está trabalhando para mudar isso e continuar e voltar, retomar a cobrança do DPVAT.
DPVAT é aquele seguro obrigatório para acidente de trânsito, etc. Que muita gente esquece de acionar quando tem acidente. Mas todo mundo paga porque você é obrigado a pagar, senão você não consegue licenciar o seu veículo.
Muito bem. Além disso, a reforma tributária foi aprovada ontem também, vai para a sanção do presidente Lula. A alíquota, embora ninguém esteja falando, vai pelo menos, o que parece, deve ficar acima de 28%. Então, preparem-se para ver uma cheadeira maior quando isso começar a ser cobrado.
E é basicamente isso. O Congresso continua, então, discutindo aí o pacote de gastos, não deve ter muita dificuldade para aprovar os outros dois projetos, embora não é jogo jogado ainda, né? O governo ainda precisa fazer algum esforço.
Mas a liberação de emendas aí, você teve mais ou menos 7 bilhões de emendas, de bilhões de reais de emendas liberadas nesses últimos sete dias, dez dias. E isso, obviamente, ajuda. O lubrificante cívico, como costumava dizer um amigo meu, a emenda é o lubrificante cívico. Ele ajuda os parlamentares, os políticos brasileiros a serem... mais preocupados com a situação do povo brasileiro.
Pois bem, bom, dado esse momento, isso tudo é o esforço que a gente está tentando fazer, que o Congresso tem tentado fazer, que o governo tem tentado fazer para estancar essa desconfiança fiscal.
E a desconfiança fiscal... É em função de que o governo não controla gastos. Toda vez que fala sobre esse desequilíbrio entre despesas e receitas, fala em aumentar receita e não em conter as despesas. E esse modelo parece que já se exauriu.
Então você tem uma desconfiança aí do que o governo pode fazer. E isso leva os agentes de mercado, e aí é o que eu quero falar um pouco mais detidamente hoje, leva os agentes de mercado a cobrarem juros cada vez maiores para emprestar dinheiro para o governo, financiar a dívida, certo?
Toda vez que você tem um déficit primário, você tem que emitir dívida, porque para você gastar mais do que você recebe, você tem que gerar dívida, você tem que pegar emprestado, porque você não tem esse dinheiro para gastar, então você pega emprestado, mesmo que seja aquela caderneta, que antigamente era muito comum, você chegava lá para o vendedor e falava, não, coloca o meu nomezinho aí na caderneta, que mês que vem eu te pago, você acabou de criar crédito, afinal de contas você emprestou o dinheiro, porque você já pegou a mercadoria e só vai pagar daqui a um mês, isso é uma dívida que você tem para um mês, você criou uma dívida ali, e os bancos fazem isso, o governo faz isso também.
Pois bem, o estresse está ficando tão grande e o receio de que o nível de endividamento do governo comece a causar problemas a partir... de algum tempo à frente, não muito longe, é que o mercado está cada vez pedindo mais juros por vários motivos, um por causa dessa desconfiança e outro que é um dos motivos que o pessoal tem falado que tem por isso que a intervenção no câmbio tem sido rebatida com aumento nos juros futuros que é o seguinte, o que acontece?
Eu sou uma pessoa que tem títulos públicos, certo? e o governo está lá segurando o dólar, mas eu acho que o dólar vai subir muito, e o dólar então seria uma proteção boa para mim. E esse momento que o governo entra injetando dinheiro ali no dólar, segurando um pouco o dólar, é a minha chance de entrar. O que eu faço? Eu vendo os meus títulos ao preço que tiver, com desconto, para poder fazer dinheiro e comprar dólar, correto?
Então, quando eu vendo meu título, eu coloco mais título no mercado, a oferta do título... Com isso, o que acontece? Quando a oferta é maior e a demanda é menor ou é a mesma, você tem um equilíbrio no preço que faz o preço cair. No caso dos títulos, quando o preço cai, o juro sobe.
Certo então esse mecanismo já expliquei algumas vezes vou tentar ver se eu faço até um vídeo para vocês coloco lá no YouTube para ensinar um pouco para entender para mostrar um pouquinho mais como é que esse mecanismo funciona mas o que eu quero que vocês entendam o seguinte quando você tem muito título sendo colocado no mercado o preço do título cai e isso faz com que o juro suba certo então o mercado acaba pedindo mais juros, porque tem muita gente querendo vender esses títulos.
E aí, quem está comprando fala, tudo bem, já tem você aqui que está me oferecendo com 10%, aquele ali está me oferecendo com 11%, aquele doido lá está mais preocupado ainda, está me oferecendo com 15%, eu vou lá e pego desse cara, empresto para esse cara que está afim de me pagar 15%.
Dado que o título todos têm o mesmo risco são títulos do tesouro no caso específico ontem que aconteceu o banco o tesouro nacional faz os leilões de títulos públicos frequentes né normais tem uma agenda para isso. E ontem, as NTNBs, que são aqueles IPCA+, que a gente tem no Tesouro, pagaram títulos de mais de 8%. Pagaram juros de mais de 8%. Juro real, acima da inflação. Inflação mais 8% para títulos com 3 anos de vencimento.
Então, daqui a 3 anos ele vai pagar 8, alguma coisa, mais a inflação do período. Imagina que a inflação é 5%, você está com 13 e pouco aí. 14 de média e se a inflação disparar, você ainda está garantido que vai ter ainda mais um pouquinho para você receber.
Para vocês entenderem isso, 8% de juros real em título emitido pelo Tesouro Nacional é um nível que a gente só chegou lá em 2008, durante a crise financeira global. Aquela que o Lula falava que era um... Antigamente o pessoal... espirrava não sei onde, aqui era uma pneumonia, tinha um tsunami, sei lá, tinha uma ideia que o Lula falava lá que aqui não tinha problema porque a gente estava com a economia muito boa e o que era uma realidade, realmente a gente não sentiu tanto a crise, mas sentimos, obviamente.
Então, o que aconteceu? E eu mesmo pagando esse título, esse juro todo, O governo não conseguiu colocar toda a oferta dele na rua. Isso quer dizer, não teve comprador para tudo que ele precisava vender para financiar a dívida.
Pois bem, isso trouxe um alerta para o Tesouro Nacional. E o Tesouro, então, resolveu suspender a venda de títulos que haveria hoje. Hoje ou na quinta-feira, agora até esqueci. E... vai fazer o que eles chamam de leilão de compra, de recompra e venda.
Então, o Tesouro Nacional vai recomprar esses títulos. Para quê? Porque ele consegue segurar um pouco mais a taxa. Para quem tem esses títulos, o cara perde um pouco menos de dinheiro e aí você talvez consiga acalmar o mercado financeiro.
Isso era uma... Já era um pedido que vinha acontecendo aí há uma semana, 10 dias, mais ou menos, que é para dar saída para esse pessoal. Agora, imagina o seguinte, você comprou no início do ano um título prefixado a 10%. Esse título hoje está pagando 14, 15. Todo esse aumento na taxa de 50%, boa parte dele vai para o preço do título.
Então está valendo muito menos, o que faz com que os fundos de investimento estejam com problema para reposicionar os ativos. Porque quando eles entregam o título, eles recebem muito menos dinheiro do que eles estavam esperando quando compraram lá atrás. E aí vão para o dólar e o dólar está cada vez mais caro.
Por isso que eles aproveitam esses leilões. E por isso que quando o Banco Central faz o leilão, os juros acabam disparando, essa é uma das teses, os juros futuros acabam disparando lá no mercado.
Então, o que o governo vai fazer agora? O Tesouro Nacional. Depois de conversa com o Banco Central, vão tentar fazer tudo orquestradamente. Então, o Tesouro Nacional recompra o título desse pessoal que está querendo vender para comprar o dólar. Recompra por uma taxa não tão ruim quanto as que eles são obrigados a vender no mercado financeiro. Então dá uma ajuda para esse pessoal. E o Banco Central faz um leilão ali de dólar para tentar segurar essa pressão do dólar e aí todo mundo faz o rédito do dólar.
Então, basicamente é isso, mas isso mostra o tamanho do problema que a gente está criando com essa dificuldade do governo de conter essa crise, que é uma crise de credibilidade. Não há Credibilidade, não há, ninguém acredita que o governo vá equilibrar as contas públicas.
Tudo é deixado para depois, tudo é feito em cima da hora, então a gente chega em momentos de crise como esse. Vale lembrar que é o seguinte, de qualquer maneira, vocês aí compram títulos do Tesouro, eu compro títulos do Tesouro IPCA+.
Eu estou até tentando buscar, eu tinha visto isso na semana passada, um levantamento muito interessante da XP, dizendo que IPCA+, você só viu durante os últimos 20 anos, em 5% do tempo tá, IPCA acima de IPCA mais 7.
Então, dado essa movimentação agora, É uma ótima oportunidade para você comprar um título IPCA a mais nesse momento aí com juros um pouco mais altos. Pode ser aquele IPCA mais para 2029, que são cinco anos só, isso diminui um pouco a volatilidade.
Agora é o seguinte, quais são os riscos, né? Só para a gente terminar aqui porque já está muito longo. O risco é o seguinte, se esse juro passa de 7 para 8, 9, você vai ter esse efeito que eu te falei no PU, ali no preço do seu título.
Se você carregar até 2029, não tem problema, você vai receber IPCA mais 7. Tá bom? Então, se os juros... Não interessa o que acontece com os juros nesse momento. Se a inflação disparar, você vai receber a inflação do período mais 7% ao ano.
Certo? Então, se a inflação média passar de 4%, que é mais ou menos o que o pessoal está esperando, para sete você em vez de receber 11 por cento de juros durante esse tempo todo vai receber 14 por cento de juros o que torna esse investimento um pouco mais é uma espécie de proteção maior para o seu dinheiro porque ele absorve aí o que for roubado se você tivesse no título prefixado que seria roubado pela inflação você então vai ter esse esse momento agora você tem que lembrar que se você precisar desse dinheiro antes e o juro tivesse subido esse juro de 7 passar para 8, 9, que é muito, muito difícil, mas não é impossível passar para 8, 9, você vai ter aí um deságio no preço.
Se você precisar vender antes, você vai passar por esse problema que muito gestor de fundo está passando aí, muito banco está passando, que é ter que se livrar desse papel para comprar outra coisa e aí você tem que vender a qualquer preço e está todo mundo querendo vender ao mesmo tempo que você.
Certo? Se você não precisa disso, talvez seja uma chance de comprados desesperados, né? Como diria, eu acho que é uma frase que se atribui a Warren Buffett, eu não gosto de falar isso porque é tipo Clarice Lispector, né? O cara fala qualquer coisa e diz, não, Clarice Lispector, que falou.
Mas tem uma frase famosa no mercado que é, quando as ruas estiverem em chamas, compre as casas, né? Porque as pessoas estão todas desesperadas para vender as casas, vão vender a preço barato e você ajuda elas a se mudarem.
Basicamente é isso. Quando o incêndio acabar, você terá então os seus investimentos valorizados a preço mais... Claro que você corre o risco das chamas chegarem até a casa que você comprou.
Mas é basicamente isso. Então é isso que eu queria que vocês entendessem hoje para mostrar para vocês que ainda essa é uma crise que pode ser rápida, mas é uma crise que está causando bastante estresse no mercado.
Mas com essa ideia do Tesouro de entrar também ajudando para conter essa sangria, talvez a gente consiga, talvez a gente não veja, mas por muito tempo taxas tão atraentes como a gente está vendo agora no IPCA+.
Não estou dizendo para você colocar todo o seu dinheiro, nunca vou dizer isso. Mas se você tiver aí um dinheirinho que você acha que pode esperar 4 ou 5 anos para você pegar, não custa nada você fazer uma fezinha. Fazer um investimento aí em IPCA mais pelo Tesouro.
Beleza? Eu vou ficando por aqui. Desculpem o podcast um pouco mais alongado nesse dia de hoje, mas achei que fosse necessário.
Beleza? Bons negócios a todos nessa quarta-feira. A gente se vê amanhã se tudo der certo. E vamos ficar de olho.
Avante, sucupira!
Acorda, sucupira!
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